“E então, qual caminho será? ”. Perguntou-me ele, com as mãos sobre o volante me lançando seu olhar sedutor e esperançoso, o qual eu sabia que guardava uma grande armadilha, daquelas de que não conseguimos nos livrar tão cedo. Cerrei meus olhos na escuridão do carro e em silêncio pensei: se eu escolhesse o caminho da direita iria para casa, continuaria pura, mas insatisfeita, permaneceria curiosa e perturbada com as infinitas possibilidades. Se me decidisse pelo caminho da esquerda, iria navegar em águas profundas, das quais eu não sabia se retornaria viva, cometeria um pecado, amaria o homem de outra mulher e provavelmente me arrependeria disso. No entanto, mesmo ciente de todos esses motivos pelos quais eu deveria evitar a segunda opção, suspirei, virei o rosto na direção da janela e evitando encará-lo, respondi: “Quero passar mais tempo com você”. Não precisei explicar o que aquilo significava, pois, ele sabia que iriamos passar a noite, juntos, satisfazendo os desejos carnais um do outro, ignorando o mundo a nossa volta.
Embora fosse errado, eu não havia mentido, queria passar mais tempo em sua companhia, apreciar as horas e ignorar o tempo, queria ouvir ele tagarelar sobre os livros que estava lendo, cantar suas músicas favoritas, se gabar do seu intelecto e até mesmo tolerar as suas insinuações quanto a minha ignorância a respeito de política ou discernimento lógico.
Eu queria tudo dele. E, principalmente, eu o queria.
A medida que o carro avançava em direção ao motel, eu só conseguia imaginar uma coisa, o corpo esguio dele embaixo do chuveiro os filetes de água deslizando lentamente sobre a sua nudez, a sua tatuagem animalesca a mostra como se quisesse me devorar, os traços do rosto tão bem delineados, os seus olhos, a sua boca… Já conseguia sentir gosto do seu beijo, ele tocando a minha pele e alisando as minhas curvas, dizendo como sou linda e como eu o excito. Eu conseguia senti-lo antes mesmo de entrar em mim… E como se adivinhasse que eu estava no limite da loucura e do desejo, o veículo parou e o caminho chegou ao fim.
Por Jéssica Florentino